MÃE SOLO X MÃE SOLTEIRA
O termo mãe soleira não é mais usado há um bom tempo.
Hoje se fala “mãe solo” quando nos referimos a mãe que é a principal responsável pela criação do filho.
E diferente do estado civil, que pode mudar a qualquer momento, mãe é pra sempre.
São mais de 12 milhões de mães solo no Brasil.
Quarenta por cento das famílias brasileiras são comandadas por mulheres.
Isso quer dizer que elas, independentes de serem casadas, solteiras, divorciadas ou até de estarem namorando ou não, elas são as responsáveis pelo sustento e funcionamento do lar.
A mãe é a responsável financeiramente pela criança, dá amor, carinho, cuidado, atenção, proteção e sustento.
O pai pode até “ajudar”, mas ela é quem dá conta de tudo.
O pai pode até dá uma grana boa, revezar nos afazeres, ter guarda compartilhada, mas ela é quem arca com a maior parte.
Não é a realidade da maioria, mas tem essas que tem o pai da criança que participam e “ajudam” ou melhor, fazem a sua obrigação de pai.
Essa é a mãe solo, a que comanda a casa e os filhos.
Fácil definir, mas difícil de administrar.
No Brasil, 60% das famílias comandadas por mulheres vivem abaixo da linha da pobreza.
As mulheres fazem mágica tentando sobreviver com o orçamento familiar.
A realidade é dura, muitas sofrem ou sofreram violência doméstica, não tem pensão para complementar e muito menos uma rede de apoio com que possa contar. Tem que dar conta sozinhas do recado. São aquelas crianças que ficam sozinhas em casa, cuidando de outras menores enquanto a mãe sai para trabalhar, pois ela tem que trabalhar para trazer comida pra casa.
É uma triste realidade.
Pior ainda é o preconceito de serem taxadas de mãe solteira.
Ou descuidada (que não se preveniu na hora do sexo).
Alguns enxergam como sexo fácil.
Me poupe.
Ela é só uma mãe, uma mulher como outra qualquer com seus erros e acertos que luta para viver e cuidar dos seus filhos com o amor que consegue dar e o melhor que consegue fazer.
Sim, todas nós, mães, nos cansamos. Não somos santas e erramos tentando acertar.
A mãe solo é uma mãe sobrecarregada, afinal ela tem que dar conta de tudo sozinha.
E o pai dessa criança? Cadê no pai dessa criança?
Vai saber! O bicho deve tá curtindo a vida (ou até tá trabalhando pra pagar a parte dele da pensão). Mas não lembra que tem filho e se lembra, deixa o filho pra mãe dar conta sozinha. Porque ela dá, ah, se dá.
Se eu sou feminista?
Claro que sou! Sem o feminismo eu não estaria onde estou hoje. Não votaria, não teria estudado, feito doutorado, nem estaria escrevendo o que penso aqui pra você ler, não é?
Viva o feminismo. E mais vergonha na cara nessas pessoas que acham que podem fazer o que querem e deixar pra cima dos outros as suas responsabilidades!
Eu não sou mãe solo, nem convivo diretamente com uma, mas só de pensar o que uma mãe solo passa para cuidar dos seus filhos hoje em dia, dá uma angústia no peito gigantesca.
A minha sogra foi mãe solteira. Na época era mãe solteira mesmo, o machismo imperava e, pelo tempo, tenho certeza que pensaram as piores coisas dela. Coitada.
Ela não fala a respeito, solta umas e outras de vez em quando. Eu sinto muito. Sinto muito mesmo, pois ela é uma mulher boa e tenho certeza de que não mereceu passar por isso.
Queria poder ter estado ali para defendê-la e aliviar a sobrecarga. Que pena que não pude.
Agora eu posso.
Pela minha sogra e por todas as mães responsáveis pelo sustento, criação e educação dos seus filhos: RESPEITO!
Dra Daniella Leiro - CREFITO - 3-59546F
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