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Cinta modeladora no pós-parto – usar ou não?


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Recentemente recebi alguns questionamentos de amigas e pacientes sobre as indicações do uso de cinta modeladora pelas mulheres, assim decidi reunir informações embasadas em muito estudo sobre o assunto, para ilustrar de vez quais os benefícios e os mitos do uso da cinta pelas puérperas.

Há uma contribuição real da cinta modeladora para a mulher no pós-parto?

A principal função – talvez a única, veremos ao longo deste texto – é a de dar segurança à mulher para se locomover e realizar as atividades cotidianas.

Porém, ainda muitas pessoas relatam que a cinta pode ajudar a diminuir o inchaço e a flacidez, mas isto não é verdade.

O inchaço que a mulher pode apresentar no pós-parto é de membros inferiores e não do abdome e a flacidez (tanto muscular como de pele) jamais será revertida apenas pelo uso da cinta ou de qualquer compressão externa.

A musculatura abdominal no pós-parto, principalmente no pós-parto imediato (primeiros 10 dias) está bastante distendida, fora do lugar e fraca. A cinta pode sim dar essa segurança extra ao tronco para que os movimentos fiquem mais harmônicos e os desconfortos sejam menores, pois ela age como se fosse os próprios músculos da mulher, reposicionando o tronco e dando a firmeza que ele precisa e que não tem de maneira adequada neste momento.

Há riscos para a saúde da mulher na utilização da cinta no pós-parto?

O maior risco à saúde está associado ao uso inadequado da cinta.

Muitos pensam que quanto mais apertada, melhor. Mas não!

A cinta tem uma pressão correta e, se muito apertada, pode comprimir os órgãos dificultando o seu funcionamento, restringindo a respiração, impedindo a circulação adequada e facilitando o acúmulo de seroma (líquido no local da cirurgia).

Além disso, o uso da cinta deixa os músculos relaxados e “inativos”.

Aí vem a questão: se tem algo que faça o trabalho dos músculos, por que meu organismo vai acionar o seu funcionamento?

O nosso corpo é programado para economizar energia. Os músculos, pela inatividade ou pela pouca atividade, não irão contrair adequadamente, dificultando o seu retorno à posição anatômica funcional de melhor produção de força em relação à anatomia, biologia, biomecânica e química muscular, com menor desgasto e melhor aproveitamento de energia e função.

Ou seja, a cinta impede que os músculos se recuperem, portanto, que eles hajam adequadamente. Esta falta de atividade muscular leva à hipotonia, baixa tonicidade, com perda de força, causando fraqueza e flacidez muscular.

Por isso, que o uso contínuo não é saudável para o funcionamento eficiente do organismo.

E há indicação médica para o uso da cinta no pós-parto cesariano?

Na verdade o uso da cinta no pós-parto não é necessário, a não ser em alguns casos como correção da postura, hérnia de disco e dores crônicas nas costas, que não estão associadas especialmente com o pós-parto.

Fora isso, a cinta no pós-parto só é usada para dar firmeza corporal uma vez que o abdome nos primeiros dias ainda está protruso (para frente) e alguns movimentos como tirar o bebê do carro e andar com ele no colo, mesmo que por pequenas distâncias, pode causar dores tanto abdominais, musculares, na cicatriz cirúrgica como também nas costas.

É mais comum mulheres que tiveram parto cesariano usarem a cinta no pós-parto. Por que?

No parto cesariano, o corte tem aproximadamente 15 cm e está localizado no baixo vente. Durante a cirurgia, a musculatura abdominal também foi cortada e costurada e ela precisa se recuperar para voltar a atuar (contrair) sem dores ou desconfortos.

Como o abdome é a parede de sustentação do tronco e a musculatura está se recuperando de um corte, é fácil entender que a cinta vai fazer o seu papel (de sustentar o tronco).

Contudo, é bom você saber que, se você deixar a musculatura inativa, menor será a circulação sanguínea sobre ela e mais lenta será a sua recuperação.

Desse modo, deixar a musculatura atuar (contrair) quando necessário, para sustentar e manter o corpo na posição adequada, vai facilitar e acelerar a sua recuperação. Então, chegamos a mais uma descoberta: a cinta não é necessária também neste caso!

Ou seja, ela só deve ser usada em ocasiões esporádicas como sair de casa com o nenê ou usar uma roupa mais justa, somente para conferir um conforto e segurança extras à mulher e não para o uso indiscriminado no dia-a-dia, como rotina.

O ideal é usar a cinta por no máximo 4 horas seguidas e na compressão adequada.

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E qual o tamanho da cinta ideal para mim?

O tamanho da cinta varia de acordo com o biotipo de cada mulher e é fundamental que ela seja confortável e não aperte muito.

Além disso é de máxima importância que você vá à loja e experiente aquela que é indicada para o seu corpo.

Então vamos combinar?! Nada de pegar uma cinta emprestada da amiga, irmã e afins! Ah, e também trate de não seguir a orientação daquela amiga e ir diminuindo o tamanho da cinta por conta própria, ok?

Afinal, existem uma série de complicações que podem ocorrer devido ao uso inadequado da cinta.

E que complicações são essas?

Além da fraqueza dos músculos e da flacidez na barriga, a cinta limita os movimentos e pode levar a lesões musculares.

Muito apertada ela pode machucar a pele, causando cicatrizes, também produz aumento da pressão intra-abdominal, com diminuição do retorno venoso, o que contribui para o aparecimento de varizes.

E ainda pode causar o aumento da pressão intra-abdominal; limitar os movimentos respiratórios, podendo causar alterações importantes na mesma com diminuição da oxigenação; movimentos respiratórios mais altos e rápidos com uso de uma musculatura chamada de acessória (da respiração) levando a alterações posturais e funcionais importantes biomecânicamente.

Pode até causar problemas de saúde como prisão de ventre; má digestão e absorção dos alimentos pela compressão do sistema gastrointestinal; diminuição da capacidade da bexiga de armazenar urina, propiciando a fraqueza do assoalho pélvico pela constante pressão sob o mesmo, gerando prolapso de bexiga, de útero, de reto e incontinências fecal e urinária.

Contudo, em casos específicos há benefícios no uso da cinta modeladora, como eu disse anteriormente na correção da postura, hérnia de disco e dores crônicas nas costas.

E afinal de contas existe uma forma adequada de fazer uso da cinta modeladora?

Sim, usando-a esporadicamente, apenas em alguns momentos para aquela roupa mais justa, enquanto você não tem seus músculos com a tonicidade, firmeza e força suficientes ou para realizar exercícios aos quais seu corpo ainda não está conseguindo se manter na postura correta.

Mas o melhor mesmo é ter uma musculatura boa para sustentar e mover o seu corpo e usar cintas apenas para “colocar no lugar” aquela pele ou gordurinha extra que teimam em ficar quando for sair.

No entanto, insisto, ela não deve ser apertada, nem ser usada por longos períodos maiores do que 4 horas.

Aí você me pergunta: por que ainda o uso da cinta modeladora é tão evidenciado no pós-parto?

Suponho que as pessoas têm a falsa impressão de que a cinta afina a cintura e diminui a barriga, mas como detalhei acima este é um costume antigo, um dito popular.

Enfim… As cintas modeladoras não emagrecem, não queimam gordura, não agem sobre as gorduras localizadas. O estreitamento que se vê na cintura enquanto se usa a cinta é apenas momentâneo. Após sua retirada, o corpo volta ao “normal”.

Se você ainda tem alguma dúvida sobre o uso da cinta modeladora ou se tem algum comentário a fazer a respeito, mande abaixo, será um prazer conversar com você!

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